Cesariana como Parto do Futuro
Dos índios já descrevemos.
Na mistura com os negros, o parto passou por um processo em que entraram as rezas, as simpatias, os benzimentos.
No interior, sua posição original foi mantida, de cócoras e em banquinhos baixos, com o auxílio da parteira, que em geral fazia também as simpatias.
Nas cerâmicas do Nordeste há registros de partos em bancos baixos que são usados em alguns lugares até hoje. Nas cidades, o parto também era e é feito por parteiras práticas. E muitos obstetras brasileiros renomados nasceram em casa nas mãos dessas mulheres.
Os partos eram hospitalares quando havia intercorrências graves.
Até a década de 1960 havia escola para parteiras práticas.
O parto hospitalar assume a primazia após a revolução de 1964, quando os serviços de atendimento domiciliar são extintos, os institutos de assistência médica são unificados e o parto passa à responsabilidade exclusiva do médico.
Fixa-se um valor três vezes maior para o parto de cesariana. A anestesia para o parto não é paga. Dentro da academia médica, alguns se referem à cesariana como o parto do futuro. O índice de cesariana sobe, passando a ser o maior do planeta. Incidência diretamente proporcional ao nível socioeconômico da gestante atendida.
Prevalência de Partos por Cesárea
Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde
Brasil 1986 - 1996
Região |
1986 |
1996 |
Rio de Janeiro |
43,2 |
43,3 |
São Paulo |
43,2 |
52,1 |
Sul |
29,3 |
44,6 |
Centro-Oeste |
34,4 |
41 |
Nordeste |
18,6 |
20,4 |
Norte |
- |
25,2 |
De acordo com uma investigação realizada pelo CLAP/OPAS/OMS, em 11 países sul-americanos e em 160 maternidades, incluindo o Brasil, concluiu-se que o nascimento por cesáreas apresenta maior mortalidade materna (até 12 vezes mais); maior morbidade materna (7 a 20 vezes); o dobro da permanência hospitalar e da convalescença; alterações psicoafetivas; transtornos respiratórios neonatais e prematuridade iatrogênica.No diagnóstico da saúde perinatal feito em Curitiba, em 1995, 98% dos partos foram hospitalares. Destes, 51,4% dos partos foram cesáreas, sendo que alguns serviços apresentaram 73%.
Em um estudo realizado em hospitais de 14 países, em 1980, o Brasil apresentou a mais alta taxa de cesárea (32%), enquanto os Estados Unidos apresentaram a taxa de 19%. Somente em 2 países foram encontradas taxas inferiores a 10% de cesáreas: Japão e Checoslováquia (7% em cada país). A maioria dos países (Dinamarca, Espanha, Grécia, Inglaterra, Escócia e Nova Zelândia) apresentou taxas entre 10% e 13%, (Nozton, 1990).
Sistema de Nascidos Vivos
Percentual de Cesarianas com relação a algumas características da mãe
Brasil 1995
Idade Materna |
Instrução Materna |
Idade Gestacional |
Peso ao Nascer |
||||
Anos |
% |
Formação |
% |
Semanas |
% |
Gramas |
% |
9-14 |
30,8 |
Nenhuma |
16,7 |
<21 |
24,4 |
<900 |
21,5 |
15-19 |
12 |
1º incomp. |
31,2 |
22-27 |
21,6 |
1000-1499 |
36,6 |
20-29 |
40,7 |
1º completo |
41,6 |
28-36 |
34 |
1500-2499 |
38,8 |
30-39 |
39,2 |
2º completo |
59,6 |
37-41 |
37,7 |
2500-3999 |
40,8 |
40-49 |
26,3 |
Superior |
75,2 |
+ 42 |
30,7 |
+ 4000 |
46,1 |
Fonte: SINASC/MS, UNICEF Brasil.
Mortalidade Infantil por Regiões
Brasil 1980 - 1990 - 1996
Regiões |
1980 |
1990 |
1996 |
Variação 80-90 |
Variação 90-96 |
Brasil |
85,6 |
47,8 |
37,5 |
-44,1% |
-21,5% |
Norte |
83,6 |
44,6 |
36,1 |
-46,6% |
-19,5% |
Nordeste |
120,5 |
74,3 |
60,4 |
-38,3% |
-19,1% |
Sudeste |
61 |
31,2 |
25,9 |
-48,8% |
-6,9% |
Sul |
55,5 |
27,6 |
22,9 |
-50,2% |
-17% |
C. Oeste |
66,4 |
31,2 |
25,8 |
-53% |
-22,8% |
Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade/MS. Cálculo de Celso Simões (IBGE)Coeficientes de mortalidade por 1000 nascidos vivos
Mortalidade Infantil Causas Selecionadas
Brasil 1985 - 1990 - 1995
COEFICIENTE |
1985 |
1990 |
1991 |
1992 |
1993 |
1994 |
1995 |
% Variação 85/90 |
% Variação 90/95 |
Mortalidade Infantil * |
66,6 |
47,8 |
45,2 |
43 |
41,1 |
39,6 |
38,4 |
-31,8 |
-19,6 |
CMI por diarreia |
12,6 |
6,6 |
5,3 |
5,1 |
48,8 |
4,4 |
3,7 |
- |
-43,9 |
CMI por IRA |
8,3 |
6,9 |
5,5 |
5,6 |
5,5 |
5,2 |
4,7 |
-57,2 |
-31,8 |
CMI por afecções perinatais |
26,9 |
20,9 |
22,3 |
20,3 |
19,3 |
19,2 |
19,4 |
-5,6 |
-7,1 |
* Coeficiente de mortalidade por 1000 nascidos vivos
Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade/MS. Cálculo de Celso Simões (IBGE)Coeficientes de mortalidade por 1000 nascidos vivos
Mortalidade Perinatal e Neonatal no Brasil
Documento Elaborado por:
Ana Goretti Kalume Maranhão – Ministério da Saúde do Brasil
Marinice M. Coutinho Joaquim – Ministério da Saúde do Brasil
Carolina Siu – UNICEF Brasil
Colaboradores:
Paulo Kalume – Ministério da Saúde do Brasil
Oscar Castilho – UNICEF Nova Iorque
Maria do Carmo Leal – FFIOCRUZ / Ministério da Saúde do Brasil