O Pajé

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  • Posted on: 18 October 2018
  • By: claudio

O pajé, nos idos de 1500, era o sacerdote, médico e feiticeiro.

A mata era sua farmácia, conhecia plantas abortivas e anticoncepcionais, como atualmente foi confirmado. Usava veneno de cobra, saliva, urina e outros animais. O pajé passava por um processo de formação, guiado por um mestre.

Viviam mais isolados, fazendo jejuns, tomando chás de vegetais, muitos deles com a função de expandir a  percepção. Até hoje o Banisteriopsis, conhecido como Ayahuasca ou Yagé, é usado na cultura amazônica e influencia a manifestação artístico-espiritual. (O efeito do vinho da Jurema é descrito em "O Guarani", de José de Alencar).

Era temido e respeitado, mantinha relações misteriosas com o mundo das sombras, com os espíritos e os animais das florestas, com Tupã, o deus dos raios.

Com o mentor, aprendia processos de interrogatório em vários níveis e exames físicos. Quando era chamado, interrogava sobre o que o paciente havia ingerido e o que havia feito. Palpava e inspecionava, à procura de ferimentos e tumorações. Se, dessa maneira, não obtinha o diagnóstico, punha-se então a dançar, ou dançava junto com o doente, para que pudesse interpretar o espírito que havia provocado à doença.

"Quando o paciente era um dos principais da tribo, o feiticeiro costumava ingerir uma infusão de plantas narcóticas - o estramônio, ou figueira-do-inferno (Datura stramonium) - e em meio de danças e rituais entrava em transe. Cessado o efeito, dizia que tratava e falara com Anhangá, que lhe revelara a causa da moléstia e a respectiva terapêutica".