Comparação entre a População Indígena e a Urbana
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Analisamos 400 fichas de gestantes civilizadas mais 200 fichas de pacientes da Unidade de Diagnóstico Mamário e as comparamos com as de 400 índias que havíamos examinado.
ÍNDIAS
A mulher índia é mais magra, até recentemente não usava cadeiras altas nem via televisão, hábitos que está atualmente adquirindo; anda muito, mora em contato com a natureza, em graus de aculturação diversos.
No máximo, há três gerações, respirava o ar das florestas, que já não existem mais. Alimentava-se dessas mesmas florestas, dos rios, dos cereais que plantava e se curava com ervas.
Atualmente sua floresta foi substituída pela cultura de soja; respira ar misturado com inseticidas.
Em Guarita, usava as embalagens plásticas destes produtos para armazenar água.
Seu hábito alimentar transformou-se: passou a vender o milho, comprar banha e outros enlatados (para se obter o equivalente a 10 colheres de açucar refinado, necessita-se comer 1,2 kg de cana de açúcar).
Justamente com suas ervas, usa remédios com tetraciclinas, cloranfenicol, iodeto de potássio, distribuídos pela Ceme e prescritos por leigos.
Do seu perfil hormonal, calculando-se o número de filhos, meses de amamentação e a diferença de idade da sua menopausa e menarca, chega-se ao número de menstruações, que, para ela é, no máximo, de 120 vezes.
Em nosso levantamento duas tomavam anticoncepcional.
URBANA
A mulher civilizada é pôr sua vez, mais gorda, sedentária, vive em lugares fechados e menstrua 370 vezes ou mais.
Quando acorda lava o rosto, também com a água de um rio, só que tratada com hidróxido de alumínio, cloro, flúor, cal, numa pia desinfetada com benzilclorados entre outros, com cheiro de um bosque de pinheiros.
Usa sabonete composto com nitrosamina, pinta sua boca, olhos, passa perfume, desodorantes axilares - o desodorante aerosol é composto basicamente de cloreto de alumínio (triclorofluorometano, diclorodifluorometano), pode causar bronco-espasmos e pneumonites - , vaginais e podais, com os produtos já citados, mais os metais pesados como o Tálio, usados como raticida, a anilina usada em cremes de sapatos, gasosas em alimentos, inseticidas e corantes, o benzol também usado em combustíveis, lacas e detergentes do solo.
Mensalmente, pinta seus cabelos com tintas que, além de mudar a cor, provocam mutações nos seus cromossomos.
Passa talco, que contém Zinco, Bismuto e é também responsável pelos 100% de sabonetes encontrados na população dos E.U.A. e no Brasil, o que não foi ainda evidenciada. Asbestoses que se situavam entre doenças profissionais dos mineiros, associadas aos mesenquinomas pulmonares e cânceres gástricos.
Escova sua boca com pastas coloridas que contém Hexaclorofeno, e toma banho com outros diversos químicos, conhecidos produtores de canceres de bexiga, leucemia, mesenquinomas, de brônquios a cólon. Isso após ter dormido com cremes faciais que promovem a maturação do seu apitélio vaginal, e passado um spray no quarto para que os mosquitos não a incomodassem.
Coloca seu relógio pintado com tinta radioativa, toma uma pílula de hormônio, algumas um anorexígeno, e tranquilizantes, fato este que aumenta com a idade.
Sua alimentação colorida, refinada em sentido literal, farta ou não, é cheia de outras siglas, fertilizantes, inseticidas residuais. Os macarrões contaminados com aflatoxina.
Também uma comida radioativa, cozida em panela de alumínio, servida em pratos assépticos limpos com variantes dos já citados detergentes e partículas de aço.
A receita de sua margarina: "Tome uma medida de gordura vegetal, acrescente ácido sulfúrico, neutralize com pouco de soda cáustica, aqueça a 150º C, junte ácido benzoico, ácido butil-hidróxi-anisole, butil-hidroxitolueno (cuidado com o fogo, pois o tolueno é explosivo). Mexa bem. Junte agora gelato de duodecila e sal. Core de amarelo e coloque na geladeira".
Respira os produtos de combustão incompleta: benzantraceno, benzopireno, benzofluorantene, indenopireno, os cheirosos compostos nitrogenados, asbestos, cádmio, cromados, óleo isopropílico, níquel, cobalto, chumbo etc., misturados ao ar.
Os elementos acima são químicos conhecidos pelas intoxicações agudas nos trabalhadores das indústrias e crônicas na população em geral, que sofre repercussões em todos os seus sistemas, inclusive o sistema nervoso e medula óssea.
Um número grande deles é comprovado como carcinogênicos, variando somente o lugar-sede do processo.
QUÍMICOS NO SANGUE DAS PACIENTES - 1978
O DENOMINADOR COMUM
O denominador comum que encontramos, como se pode depreender da comparação, foi o meio externo, e não o meio interno.
Meio externo composto de poeira radioativa e químicos.
Existe também uma mudança no hábito alimentar das duas populações. A índia passou da comida integral à refinada.
A diferença entre a índia e a população rural da população urbana é que as primeiras recebem o impacto direto de produtos com BHC, DDT, Aldrin, Folidol etc., pela respiração, e em menor escala os produtos de combustão.
A última mergulha nos produtos de combustão incompleta, e recebe indiretamente os demais, exceção feita às que têm medo de mosquitos.
Em resumo, uma recebe suas doses em "preto e branco" e a outra em "cores e sabores".
FONTE
Sociedade Portuguesa de Química
DIOXINAS E DIBENZOFURANOS NO MEIO AMBIENTE
Bordado, J.C.M.(*), Ferreira, H.M.S. (***), Gomes, J.F.P. (**)
(*) Departamento de Engenharia Química, Instituto Superior Técnico, Av. Rovisco
Pais, 1096 Lisboa Codex
(**) Centro de Tecnologias Ambientais, Divisão de Ambiente, Energia e Segurança, Instituto de Soldadura e Qualidade, Apartado 119, 2781 Oeiras Codex
(***) Faculdade de Farmácia; Universidade de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1600 Lisboa
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