Parto de Cócoras: 1975 a 1987
Em 1975, no congresso brasileiro de ginecologia, realizado aqui no Rio de Janeiro, apresentei um trabalho comparativo sobre parto de cócoras, intitulado "Não perturbem o parto índio, parto de cócoras e deitado em confronto".
Na época fazíamos coletas de citologia na população das Reservas do Sul e constatamos que a grande maioria das mulheres tinha seus filhos na posição de cócoras. Nessas Reservas as enfermeiras, parteiras práticas civilizadas, tentavam impor nos ambulatórios o parto deitado, seguindo o padrão médico da época.
No estudo que realizamos, entrevistando e examinando mais de mil mulheres, ficou evidenciado que o seu desejo era de terem seus filhos na posição de cócoras. Por outro lado, comparando-as com as milhares de mulheres civilizadas que havíamos examinado, as índias se encontravam em melhores condições ginecológicas.
Teoricamente, o que aqui falamos, foi o óbvio. Fisiologicamente, a posição supina para o parto, em qualquer período, apresenta indiscutíveis desvantagens para a mulher em relação às posições verticais. Sua adoção era recente. Havia sido implantada na Europa, no início, na Corte francesa. Com o colonialismo, e seu consequente choque cultural, esta ideia foi transplantada para os diferentes cantos do planeta. E por isso o título – "Não perturbem o parto...".