Depoimento de Ernestina, índia Xokleng de Ibirama - 1979

Idiomas

  • Posted on: 25 September 2018
  • By: admin

– Cláudio: Você pode explicar como é o parto na sua Nação?

– Ernestina: Na nossa tribo, eu tô contando, né? Senta tudo de croque, no mato elas fazia assim. Argumas levá meio dia, até tarde. Agora, eu fui uma muié que nunca levei duas horas. Era só assim, só sentá. Adepois o imbigo. Eu nunca tive parteira asssim para atendé. Sempre com o pai deles memo, meu marido. Daí pegava o mato, taquara, já tinha pau feito pra aquilo. Também nunca ficou resto lá. Agora os outros eu não sei.

– Cláudio: Dava de mamar logo em seguida?

– Ernestina: Não, eu não dava mamá já não. Eu ainda ficava, a gente cansa também e a gente precisa descansá um pouco, pra descansá o corpo e depois dá de mamá.. Mas tem criança que nasce e já qué mamá, né? Nunca criei meus filhos pra mamadeira, criei tudo no peito.

– Cláudio: Quanto tempo você deu de mamar pra eles?

– Ernestina: Um guri meu, junto com outro guri, na minha gravidez, eu mamava ele, assim mesmo. Depois, quando eu ganhei o outro, ele deixou de mamá por si. Deixou por si. Uma menina mamei até cinco anos, que é a mais nova, que é a caçula. E tem índia lá nova que tá mamando dois.

– Cláudio: Quantos filhos você teve?

– Ernestina: Sou mãe de 12 famílias, fora aberto.

– Cláudio: Dava de mamar, mais ou menos, dois anos cada um?

– Ernestina: É. Dava de mamá até dois anos, todos eles.

– Cláudio: Quando mamava, os incômodos vinham ou não?

– Ernestina: Não. Num vinha, índio não tem esses vícios. Só quando é pra ter... Pra ficar grávida, vem.

– Cláudio: É assim com todo mundo?

– Ernestina: É de mim que tô contando e da minha nação, né?