Genocídio nas Américas
Em 1541, membros de uma expedição espanhola percorreram 3 mil km do rio Amazonas levados pela correnteza.
Frei Gaspar de Carvajal, cronista da expedição, descreve cidades que se estendiam por várias léguas ao longo do rio e compreendia centenas de casas brancas.
Um século mais tarde, uma expedição espanhola com 1000 homens subiu o Amazonas com a missão de eliminar todos os índios.
Pesquisas arqueológicas no Piauí falam da existência do homem no Brasil há 30 mil ou 40 mil anos. Na Amazônia, há 10 mil anos. Calcula-se que a população só na região da bacia amazônica no ano de 1500, fosse de 7 milhões de habitantes.
Com a tecnologia da datação usando o carbono 14 - C14 descobriam que cerâmicas marajoaras datavam de vários milênios antes das mais antigas do Peru e Equador.
Conclui-se que, ao contrário do que se pensa, a cultura amazônica poderia ser o berço das civilizações andinas. Os índios como foram encontrados no século XIX seriam os sobreviventes dessas civilizações, tendo se adentrado para longe das margens dos grandes rios.
A floresta amazônica não é tão primária quanto se fala. Em muitos lugares a floresta se refez quando os índios que a haviam desbravado e cultivado foram exterminados ou expulsos para os relevos entre os vales**.
Na América do Norte, os índios receberam a alcunha de "Pele Vermelha", pois eram com suas faces pintadas de vermelho que enfrentaram os espanhóis em sangrentas batalhas.
Quando os anglo-americanos entraram em contato com os nativo-americanos, são os "que se reuniram", como se autodeterminam as tribos sobreviventes desses embates, e não grupos originais.
Ao invés de serem consideradas fantasiosas as descrições dos cronistas de 1500, relatando sobre grandes cidades míticas de tijolo branco e do Eldorado, o que temos é o testemunho do genocídio perpetrado pelos espanhóis e portugueses até 1700. Esse persiste com os colonos na expansão de suas fronteiras. Seja na deliberada política da matança dos bisões no Norte, seja com os bandeirantes e depois com as madeireiras, estradas e garimpos no Sul.
** "Saudades do Brasil" Claude Lévi-Strauss - Companhia das Letras 1994