Plutonium 239
Em 15 de outubro de 1997 a espaçonave Cassini decolou de Cabo Canaveral, Florida, EUA a caminho de Saturno para explorar os anéis e as 18 luas do planeta. A espaçonave possui três geradores termoelétricos de radioisótopo que produzem eletricidade do calor emitido pela radioatividade do plutônio 238. O combustível é o mesmo das sondas Voyager e Galileu, com uma diferença: a Cassini leva a quantidade recorde de 33 k combustível desse plutônio que é 280 vezes mais radioativo que o 239 usado nas bombas atômicas. De acordo com o professor de biologia celular e molecular da Universidade da Califórnia, em Berkeley, John W. Gofman uma única partícula de um mícron de plutônio 238 se inalada pode causar câncer de pulmão.
Milhares de pessoas protestaram, sem sucesso, contra a missão. De acordo com cientistas americanos, uma explosão da Cassini próxima à Terra poderia causar chuva de plutônio na atmosfera. O plutônio 238 da aeronave foi armazenado em cápsulas de iridium e duas camadas de proteção de grafite, ocorre que tais módulos não foram projetados para suportar uma reentrada na atmosfera em alta velocidade.
Os danos que um acidente como esse causaria são difíceis de prever – as estimativas variam de 120 casos de câncer fatal a centenas de milhares de mortes em todo o mundo. Fontes da NASA afirmam que a probabilidade de um acidente com a liberação do combustível nuclear da Cassini é de 1 em 1.400. A agência espacial afirma também que, na hipótese de ocorrência de um acidente desse tipo, o número máximo de pessoas atingidas pela radiatividade seria de 2.300 em um período de 50 anos. Já o pesquisador Michio Kaku, professor de física teórica da Universidade da Cidade de Nova York e um dos mais proeminentes críticos da missão entre a comunidade científica, afirma que essa taxa de 2.300 vítimas deveria ser, na verdade, cem vezes maior.
A Cassini deverá chegar a Saturno em 2004, após percorrer cerca de 3,5 bilhões de km no espaço. Antes disso deu duas em Vênus, uma na Terra e uma em Júpiter para usar a gravidade como impulso para atingir seu destino. Segundo Kaku, a NASA não deveria comemorar antecipadamente. “Cedo ou tarde sofremos as conseqüências”, diz.
Ao longo dos próximos 10 anos a NASA planeja outras três missões espaciais usando naves com combustível a base de plutônio 238.