Diagnóstico Mamário

A glândula mamária tem uma arquitetura característica. Sua unidade funcional é o lóbulo composto da parte ductal e o broto terminal, que se diferencia sob a influência hormonal da gravidez e lactação em broto alveolar e lóbulos. Podemos fazer analogia da mama em lactação com um cacho de uva, os lóbulos sendo o lugar em que o leite é produzido. Os ductos são os canalículos por onde o leite escoa em direção ao mamilo. Em geral existem 18 unidades ductais vindo dos lóbulos ao mamilo.

A estrutura da mama da mulher sem filhos após a puberdade é composta de estruturas lobulares que refletem diferentes estágios de desenvolvimento.

 - Lóbulos do tipo 1 - são os mais indiferenciados. Evoluem para

 - Lóbulos do tipo 2 - apresentam uma arquitetura mais complexa.

 - Lóbulos do tipo 3 - são como se diferenciam sob a influência dos hormônios da mulher grávida que vão dar lugar aos

 - Lóbulos do tipo 4 - o final da diferenciação que ocorre por ocasião da lactação.

Nos lóbulos do tipo 3 e 4 as modificações das células são permanentes, não se dividem e não mais se diferenciam, os que as torna menos vulneráveis ao câncer. Sofrem involução após a gravidez para o tipo 3, e com o envelhecimento para o tipo 2 e 1*. Na mulher que não engravidou predominam os lóbulos do tipo 1, e na mulher que teve filhos predominam os lóbulos do tipo 3.

No ciclo menstrual a divisão celular é relativamente baixa na fase folicular, quando os estrogênios prevalecem. Na fase lútea, quando a progesterona aumenta a proliferação celular dobra.

Quando acontece uma gravidez antes dos 30 anos, o risco da incidência do câncer de mama diminui em 4 vezes. O que se depreende é que os hormônios da gravidez, a gonadotrofina coriônica, a prolactina elevada e outros, atuam nas unidades funcionais da mama diferenciando os lóbulos de tipo 1 para tipo 4. Quanto mais cedo e mais gestações e com maior tempo de amamentação, maior será o número de lóbulos de tipo 1 que terão se tornados lóbulos do tipo 4. Ao não engravidarem as mulheres tem o lóbulo do tipo 1 e não tem o lóbulo 3 e 4. Ao não amamentarem não tem o lóbulo de tipo 4. Sob a influência do estrogênio, do estrogênio mais a progesterona, os lóbulos mamários do tipo 1 e 2 sofrem divisão e proliferação celular.

A cada divisão celular existe a possibilidade da célula sofrer uma mutação. Quanto maior o número de divisões maior a probabilidade. Caso essa célula seja submetida a ação de um carcinogênico, a mutação terá a probabilidade de ser maligna.

No século XIX o câncer de mama era considerado doença de freiras. Elas comiam bem e não tinham filhos.

 

*Architectural Pattern of the Normal and Cancerous Breast under the Influence of Parity, J. Russo, L. Romero and I. H. Russo in Cancer Epidemiology, Biomarkers and Prevention vol 3, 219-224 april/may 994.